29 de novembro de 2010

Olhar solitário


Esta vista de mar, solitariamente,
dói-me. Apenas dois mares,
dois sóis, duas luas
me dariam riso e bálsamo.
A arte da natureza pede
o amor em dois olhares.

Fiama Hasse Pais Brandão

As Fábulas


Não sei que mar é este,
nem
que navios encalham nas suas praias.
Sento-me na sua margem.
Espero-te.


Nuno Júdice
Cartografia de Emoções


Imagem: Emília Duarte/Olhares

21 de novembro de 2010

Passos perdidos



Praia repleta de rastros em mil direções
Penso que todos os passos perdidos são meus.

Renata Maria

Viajo sozinha com o meu coração
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

Despedida





Oferecido pela Gisa do blog






Imagem: Sídio Júnior


10 de novembro de 2010

Deixa-me inventar-te


Certamente, não há nada de ti,
sobre este horizonte,

desde que ficaste ausente.

Mas é isso o que me mata:
sentir que estás não sei onde,
mas sempre na minha frente.

Cecília Meireles
Canção do Mundo Acabado


Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te.
...
Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
tenho feito amor de muitas maneiras,
docemente,
lentamente,
desesperadamente
à tua procura, sempre à tua procura

até me dar conta que estás em mim,
que em mim devo procurar-te.

Joaquim Pessoa

Poeta, pintor e publicitário

Imagem: Heide Benser/Corbis


Oferecido pela Cristiane
do blog Meu Olhar Caleidoscópio
.

O intuito deste selo é promover a
harmonia e o respeito na blogosfera.




6 de novembro de 2010

O voo da alegria

Deviantart/: ~icyblush 

Uma borboleta pousou no corrimão bem ao meu alcance. Prendi-a pelas asas mas tremeu tanto que soltei-a. Saiu voando buleversada como se tivesse ficado cem anos presa. Nos meus dedos, o pó prateado. Tão breve tudo. Prendi assim a alegria, ainda há pouco foi minha mas se debateu tanto que abri os dedos antes que se ferisse, não se pode forçar. Um pouco mais que se aperte e não fica só o pó, mas a alma. Entro na minha concha.

Lygia Fagundes Telles

As meninas



2 de novembro de 2010

Tu e eu


Nós estamos aqui para arder pelo nosso corpo completo.
Tu e eu, leões estirados ao sol,
harpa para os nossos dedos quentes,
poema numa sala de lâminas.

Nós estamos aqui para fugir,
nós estamos aqui para chegar de vez.

O corpo roda: quer mais pele, mais quente.
A boca exige: quer mais sal, mais morno.
Já não há gesto que se não invente,
ímpeto que não ache um abandono.

Rosa Lobato de Faria



Oferecido pela Cristiane do blog
Meu Olhar Caleidoscópio
e pela Verônica do blog
Sensibilidade



Google Imagens
(desconheço a autoria)