21 de fevereiro de 2013

Bicho da terra

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É quando estás de joelhos
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pelos
toda brotada de trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das pernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas
sempre que estás de joelhos
todos os frutos da Terra.

Poema XIV / A Arte de Amar



19 de fevereiro de 2013

Espero curarme de ti

Marta Laura


Espero curarme de ti en unos días. Debo dejar de fumarte, de beberte, de pensarte. 
Es posible. Siguiendo las prescripciones de la moral en turno. 
Me receto tiempo, abstinencia, soledad.



15 de fevereiro de 2013

Profecia

Deviantart



No palco, na praça, no circo, num banco de jardim. 
Correndo no escuro, pichado no muro.
Você vai saber de mim. 

Mambembe




8 de fevereiro de 2013

Essencial

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Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez
Obrigado, coisas fiéis!

Saber que ainda há  florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!


A Rosa do Povo




6 de fevereiro de 2013

Asa

 Janette Baillie



Este coração torto
enraizado até o caroço
no magma do instante
é a unica asa que tenho.




5 de fevereiro de 2013

Balão esvaziado

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Cansei os braços
a pendurar estrelas no céu.
Destino dos fados lassos.
Tudo termina em cansaços
braços
e estrelas
e eu
Estrelas, pântanos, abismos,
patamares da mesma escada,
dedos da mesma aliança.
Tudo morre em tédio e em nada.
Tudo maça.
Tudo enfada.
Tudo pesa.
Tudo cansa.


António Gedeão
Poemas Escolhidos



4 de fevereiro de 2013

Sobre o caminho

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Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da neve
não há diferença
Não colecciones dejectos o teu destino és tu
Despe-te
não há outro caminho.


Eugénio de Andrade
Sobre o Caminho/Véspera da Água


eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.




2 de fevereiro de 2013

Memória


123RF


A memória é um sótão atravancado de objetos inúteis,
onde tanto desejaríamos encontrar aquelas coisas perdidas que
- de tão perdidas -
já nem sabemos mais o que sejam...

Caderno H