Amor custa bem caro. Mesmo assim depenamos bolsos e bolsas de moedas raras. Por ele pagamos, em prestações nem sempre suaves, quanto de entrada supúnhamos de todo não poder: o alto preço dos sustos, a conta escorchante das noites em claro, os juros extorsivos do medo de perdê-lo, a tristeza do saldo zero. Queixamo-nos de carestia se de amor-próprio ainda nos sobra algum trocado, mas que fazer quando só amor é o lucro que buscamos? Astrid Cabral Carestia
A felicidade sentava-se todos os dias ao peitoril da janela.
Tinha feições de menino inconsolável. Um menino impúbere ainda sem amor para ninguém, gostando apenas de demorar as mãos ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.
E, como menino que era, achava um grande mistério no seu próprio nome.
Um homem pode, se tiver a verdadeira sabedoria, gozar o espectáculo inteiro do mundo numa cadeira, sem saber ler, sem falar com alguém, só com o uso dos sentidos e a alma não saber ser triste.