Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava para sempre.
Antônio Bivar
extraído do disco Drama 3º Ato, de Maria Bethânia
Ainda que a palavra "medo" se repita tantas vezes no texto
de uma forma concreta, a minha intenção ao publicá-lo,
refere-se ao medo que está nas entrelinhas.
Medo do fim. Da perda. Da separação. Do "nunca mais".
Medo que não se vê e não se toca, mas se (pres)sente.
Medo do que não fica para sempre.