27 de novembro de 2012

Dias quebrados na cintura

Marta Glinska



Hoje dói-me pensar,
dói-me a mão com que escrevo,
dói-me a palavra que ontem disse
e também a que não disse,  
dói-me o mundo.
Há dias que são como espaços 
preparados para que tudo doa.  
Só deus não me dói hoje.  
Será porque hoje ele não existe?

Roberto Juarroz

Um poema

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
  os meus dias quebrados na cintura.

Eugénio de Andrade
 

As Palavras Interditas