28 de novembro de 2011

Para um amor ausente

Fotolog/teesperare4ever



Penso em ti como um desejo interrompido
que se teceu na minha memória.
E sonho-te mais do que te recordo.
Seleciono. Invento-te um nome, um rosto.
Reconstruo. Reconstruo-te.
Peça a peça.
Minuciosamente – real ou irreal,
- Assim te lembro.


Fragmentos de um Discurso Amoroso [7]
(ou carta quase póstuma para um amor ausente)  

na outra margem da noite
o amor é possível

leva-me

leva-me entre as doces substâncias
que morrem a cada dia em tua memória.
 ===

en la otra orilla de la noche 
el amor es posible
--llévame--
llévame entre las dulces sustancias 
que mueren cada día en tu memoria.
El Olvid

 

22 de novembro de 2011

O menino aprendeu a usar as palavras

Kenji Hayashi/amanaimages/Corbis



O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando
ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
Exercícios de Ser Criança 

Para Thiago.
Um brinde pela conclusão do seu curso de Literatura Comparada.
Sim, o menino ainda existe, meu amigo.


15 de novembro de 2011

Mãos

Getty Images/Barnaby Hall



Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender.

Coral/Obra Poética

Asas que fossem, tuas
mãos podiam
tocar a íntima
nervura do silêncio.

Vocação do Silêncio 



4 de novembro de 2011

Meio-termo

Vincent Besnault/zefa/Corbis



Não deixe portas entreabertas.  Escancare-as ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, 
meias verdades e muita insensatez.
 
Calçada de Verão


Se não brilha mais, não insista.
Lâmpada queimada não se arruma.
Se troca por outra.