22 de maio de 2013

Cais

Kevin Muggleton/Corbis




Disse-te adeus e morri
E o cais vazio de ti
Aceitou novas marés.
Gritos de búzios perdidos
Roubaram dos meus sentidos
A gaivota que tu és.

Disse-te adeus e morri

De volta ao convés, reabro
o diário de bordo. E o barco continua parado
no oceano sem porto.

Geometria Variável




18 de maio de 2013

Escrevo-me nas palavras

Weheartit



Perguntou-me o que é que eu escrevia nos livros. Respondi-lhe que me escrevia a mim. Escrevo-me. Escrevo o que existo, onde sinto, todos os lugares onde sinto. E o que sinto é o que existo e o que sou. Escrevo-me nas palavras mais ridículas: amor, esperança, estrelas, e nas palavras mais belas: claridade, pureza, céu. Transformo-me todo em palavras.

José Luis Peixoto
Uma Casa na Escuridão




15 de maio de 2013

Paisagem diluída



Foi tão comprido o túnel da noite
e o trem do dia
Entrou com atraso na estação.
Adormeci num banco ao relento
para esperar-te.
Um molho de violetas exaustas
Expirou entre os meus dedos.


Maria de Lourdes Hortas
Paisagem diluída


Nunca houve palavras para gritar a tua ausência.
Apenas o coração pulsando a solidão antes de ti 
quando o teu rosto doía no meu rosto e eu
descobri as minhas mãos sem as tuas.


Joaquim Pessoa
De Onde Chegam Estas Palavras?