28 de março de 2013

Colheita

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Colho metáforas nos teus olhos
Deixo-as cair no solo
Dos nossos sentimentos
Para que nada se perca
Para que tudo se transforme
Numa interminável colheita.

Inocêncio de Melo Filho
Interminável
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

Uma Voz Na Pedra


22 de março de 2013

Deixa a mão errar

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Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira.
Deixa a mão errar...







9 de março de 2013

Silvestre e o idioma

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Silvestre quer saber
porque razão eu estrago o português
escrevendo palavras que nem há.

Não é a pessoa que escolhe a palavra.
É o inverso.
Isso eu podia ter respondido.

Mas não.
O tudo que disse foi:
é um crime passional, Silvestre.

É que eu amo tanto a Vida
que ela não tem
cabimento em nenhum idioma.

Silvestre sorriu.
Afinal, também ele já cometera
o idêntico crime:
todas as mulheres que amara
ele as rebatizara, vezes sem fim.

Amor se parece com a Vida:
ambos nascem na sede da palavra,
ambos morrem na palavra bebida.


Idades Cidades Divindades



7 de março de 2013

Entre o vento e o olvido


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Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.



.Uma voz na pedra



4 de março de 2013

O cerne da semente

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E reverdeço
No rosa de umas tangerinas
E nos azuis de todos os começos.


Hilda Hilst
Amavisse












3 de março de 2013

O mar

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Diego não conhecia o mar. O pai levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar!


O Livro dos Abraços



1 de março de 2013

Preguiça

Rainer Muller
















Este

lento


talento


de vazarmos tristeza.



José Carlos Ary dos Santos
A Preguiça / As Sete Virtudes Filosofais