Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Ferreira Gullar
Traduzir-se
Google Imagens
2 comentários:
Saywa:Você já escutou à Fagner pondo música nesta linda poesia!Maravilhoso!Vale à pena escutá-la!Não sei como ele consegue por música sem mudar uma vírgula da poesia, que além do mais, é linda! Beijos pela fidelidade de manter a beleza do blog, ainda saindo para dar uma voltinha na terra de Gardel.Volte logo para a felicidade dos seus visitantes constantes!
Isto é maravilhoso. Seu blog é encantador. Só a essência.
Beijos, beijos de coração
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